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IPFS – Sistema de Arquivo Interplanetário

por Marcos Mourão
janeiro 25, 2021
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Uma nova maneira de acessar páginas na internet sem a necessidade de solicitar uma requisição para o servidor de sua hospedagem e aguardar que lhe envie uma cópia do site ou arquivo para seu navegador. Com o IPFS (em inglês, InterPlanetary File System) isso será feito através de um esquema de compartilhamento com outros usuários que poderão manter uma cópia de um bloco de informações do site no próprio computador, e quanto mais pessoas utilizarem esse novo sistema, mais fácil e rápido será o acesso ao site.

Até então o modelo que utilizamos é o centralizado onde cada site é hospedado em um servidor, o que limita muito a capacidade de acesso e põe em risco sua estabilidade, com o modelo descentralizado o usuário poderá compartilhar uma parte das informações através do navegador para outra pessoa onde cada informação será disponibilizada por partes e todo esse processo será feito distribuindo uma única função para vários usuários sem a necessidade de haver acessos simultâneos ao mesmo servidor, pois agora várias pessoas poderão compartilhar entre seus navegadores as informações sem sobrecarregar todo o sistema, ou melhor, sem sobrecarregar um único servidor responsável por responder a todas as requisições. Assim funcionará o IPFS.

IPFS – Internet Descentralizada

Para quem já utilizou o aplicativo Torrent para download de filmes, por exemplo, vai entender bem o que significa essa nova tecnologia chamada IPFS que possui o padrão P2P (Peer-to-Peer ou Pessoa para Pessoa). Ela funciona através de um compartilhamento simultâneo entre os usuários onde cada parte das informações de um site salva em seu computador será compartilhada para os outros usuários através dos navegadores.

Imagine que você precisa fazer sua inscrição para algum concurso e um número incalculável de pessoas resolveram fazer a mesma coisa, neste momento todas elas estarão solicitando informações ao mesmo servidor e por isso todo o sistema apresentará instabilidade e pode até ficar fora do ar, isso ocorre somente porque cada site é hospedado em um único servidor de forma centralizada e devido ao grande número de acessos ele não da conta de responder todas as solicitações ao mesmo tempo, já o IPFS está aí para descentralizar a forma que acessamos e melhorar o tempo de resposta a cada solicitação feita pelo usuário.

Hoje, quando acessamos algum site, acessamos através do https (HyperText Transfer Protocol secure) que você pode observar na barra de digitação do seu navegador que estará logo no início <https://domínio.com> como mostra a imagem abaixo:

Como já foi demonstrado em um de nossos artigos “Internet, como funciona?“, quando digitamos no navegador o nome de um site, o DNS (Domain Name System) busca em sua lista o número do IP correspondente ao nome e faz a solicitação ao servidor correspondente. Com o IPFS será diferente, ele localizará a hash correspondente a imagem, site ou vídeo, por exemplo, e ao invés de aparecer o nome do domínio, aparecerá igual a imagem deste link já disponível pelo site da Wikipedia, assim:

https://ipfs.io/ipfs/QmRW3V9znzFW9M5FYbitSEvd5dQrPWGvPvgQD6LM22Tv8D

Conforme descrito no item 3.5.1 no “Pappers” do IPFS, os links nos navegadores terão este formato:

# format
/ipfs/<hash-of-object>/<name-path-to-object>
# example
/ipfs/XLYkgq61DYaQ8NhkcqyU7rLcnSa7dSHQ16x/foo.txt

Como ocorrerá a transmissão?

Ocorrerá da seguinte forma: “Após finalizar a transmissão correta de um bloco de informação o recebedor da informação mudará da “need_list” para a “have_list”, e ambos o recebedor e o enviador atualizarão suas “ledgers” para comparar e atualizar os dados adicionais transmitidos. Se a verificação de transmissão falhar será considerado mal funcionamento ou um ataque partindo de quem envia o bloco para o recebedor. O recebedor será livre para recusar futuras trocas de informações. ”

“Upon finalizing the correct transmission of a block, thereceiver moves the block from need_list to have_list, and both the receiver and sender update their ledgers to reflect the additional bytes transmitted. If a transmission verification fails, the sender is either mal-functioning or attacking the receiver. The receiver is free to refuse further trades.”

Isso irá servir como um parâmetro para filtrar hosts bem intencionados dos mal intencionados já que existirá um sistema monetário de recompensa de moeda virtual para incentivar os usuários a compartilharem os blocos de informações para outros. Isso quer dizer que qualquer pessoa no mundo em sua própria casa com um computador poderá armazenar os blocos de informações dos sites e transformá-lo em um servidor, ou seja, os servidores tradicionais não mais terão o domínio único e completo de cada site. Mas ficará ao encargo do dono do site disponibilizá-lo a essa nova tecnologia.

Será o fim da internet tradicional?

É certo que novas tecnologias chegam para substituir outras e facilitar nossas vidas, mas nem por isso caem no esquecimento ou deixam de coexistirem, e não chegará ao fim como diz nessa citação retirada do Pappers do IPFS: “O HTTP continua sendo a distribuição de maior sucesso já desenvolvida acompanhada dos navegadores e teve um enorme impacto social e técnico. Tornou-se a principal maneira de transmitir arquivos através da internet.”

HTTP is the most successful “distributed system of files” ever deployed [..] Coupled with the browser, HTTP has had enormous technical and social impact. It has become the de facto way to transmit files across the internet.

Nós teremos mais uma opção de navegar na internet, pois hoje em dia como o acesso a essa tecnologia cresceu e o acesso a essa rede também, estamos quase que o tempo inteiro conectados e isso facilita a implementação dessa nova tecnologia de transmissão de arquivos e acesso a internet.

O compartilhamento dos dados de um site através do sincronismo de outros usuários traz também mais segurança para os sites que podem sofrer ataques de Negação de Serviço(DoS) já que os dados serão compartilhados por todos e não por apenas um servidor. Além do mais, os dados do site que ficarão armazenados no seu computador terão mais integridade e principalmente autenticação quando for repassado para outro usuário.

Por enquanto, o único navegador que tem suporte para essa nova tecnologia é o Brave que inclusive já possui um sistema de monetização, além de ser um dos navegadores mais seguros da atualidade.